2008-05-22

Guns, Germs and Steel

Os canapés só são possíveis porque temos cereais para fazer as tostas, vegetais e alguns produtos de animais domesticados, além de facas de aço que permitem cortar os alimentos.

Para compreender a importância da descoberta da Agricultura recomendo vivamente a leitura do livro “Guns, Germs and Steel – The Fates of Human Societies” de Jared Diamond, que em boa hora me foi recomendado pelo João Pinto e Castro.

O objectivo do livro é tentar explicar porque é que algumas sociedades foram melhor sucedidas do que outras, nomeadamente na sua expressão demográfica. Fui à Wikipédia ver a data de publicação do livro (ainda não percebi o significado das várias datas com um © ao pé que aparecem nos livros) que foi 1997 e deparei com um resumo bem feito e com argumentos a favor e contra o livro. Aqui fica também o meu contributo.

Uma das teses mais importantes do livro é a vantagem que representou para os habitantes da massa continental da Eurásia que esta se desenvolva segundo a mesma latitude, o que facilitou a propagação da agricultura, ao contrário do continente Americano e da África subsaariana que se desenvolvem mais na direcção da longitude, tornando difícil o aproveitamento de plantas domesticadas fora do sítio onde ocorreu essa domesticação.

Até ler este livro costumava achar a descrição da pré-história uma grande seca, umas pedras lascadas, outras polidas, o aparecimento da agricultura e finalmente da escrita onde tudo verdadeiramente começava, Foi a primeira vez que li uma descrição interessante desses esforços para domesticar as plantas e da singularidade dessa conquista. Em apenas 7 zonas do globo existem vestígios de domesticação original, no resto do globo essas plantas domesticadas vieram desses sítios de domesticação original. A mãe de todas as domesticações ocorreu em parte na zona actualmente ocupada pelo Iraque. Fiquei impressionado pelo pequeno número de plantas domesticadas, quando comparadas com a variedade do mundo vegetal. O número de animais domésticos com mais de uma dezena de quilos é também impressionantemente pequeno: bois, cavalos, burros, porcos, cabras, ovelhas e pouco mais.

A concentração de pessoas e de animais domesticados fazem aparecer micróbios perigosos e epidemias que foram mais devastadoras para as populações esparsas encontradas pelas populações densas do que as próprias armas desenvolvidas nas sociedades mais densamente povoadas.

O autor poderá ser criticado por tentar estabelecer uma “Teoria da História” mas parece-me que a abordagem é sensata. Em certas condições é mais provável que certas evoluções ocorram mas para essas probabilidades serem significativas são precisos grandes números, no tempo ou no espaço e o autor não anda à procura de certezas inevitáveis.

Para abreviar, depois de ler o livro, fiquei com a noção ingénua que “tinha sido mesmo assim”. Li num blogue que já existe tradução em português.

Escolhi como imagem para acompanhar este texto um campo cultivado e uma estrutura de aço suportando uma linha de Muito Alta Tensão e um ninho de Cegonha.


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