2014-11-18

A Última Imperatriz


Depois de ler o livro “Cisnes Selvagens”, que referi aqui e aqui evitei ler a biografia de Mao-Tse-Tung, escrito pela mesma autora Jung Chang. Na altura já não tinha ilusões sobre a existência de lados muito negros da vida de Mao e achava que o que já lera e ouvira sobre os desastres da Revolução Cultural, designadamente nesse livro dos “Cisnes Selvagens” era suficiente.

Mesmo assim tomei nota em 2009, numa excursão à China passando por Beijing, quando o guia disse que actualmente se considerava que o Mao-Tse-Tung fizera 70% de coisas boas e 30% de coisas más.

Agora não resisti a ler o novo livro de Jung Chang, desta vez  sobre a imperatriz viúva Cixi, que viveu de 1835 a 1908. À partida a autora, que se doutorou em Linguística na Universidade de Oxford, nasceu na China em 1952, emigrou para a Inglaterra em 1978 e é casada com um historiador irlandês, teria óptimas condições para fazer pontes entre o Oriente e o Ocidente, com o conhecimento profundo das culturas chinesa e inglesa, podendo numa obra de divulgação ultrapassar alguma falta de formação da disciplina de História.

Achei o livro muito interessante nas descrições factuais, mas pouco sólido na análise das razões de alguns dos sucessos da imperatriz e excessivamente a favor da mesma.

Conforme referi num pequeno resumo de implantações de repúblicas na Europa, o fim dos regimes monárquicos ou imperiais acontece quando a extrema degradação das condições de vida dos habitantes dum país leva a maioria das pessoas a considerar que a monarquia não vai conseguir resolver os problemas existentes.

Num país tão grande e populoso como a China seria previsível que a mudança de regime assumisse a dimensão de um cataclismo, e assim aconteceu. O livro trata do que se passou antes da implantação da república e constatei que os chineses tinham bastantes razões para acreditar que com o regime imperial não iriam conseguir endireitar o país.

Depois de ler o livro vi umas tantas críticas que confirmavam as minhas impressões sobre a excessiva parcialidade na avaliação benigna da imperatriz.

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